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domingo, 4 de julho de 2010

Número de infrações é quase três vezes maior que em 2009

Em 2010, já foram 4.079 motoristas autuados por não usarem o dispositivo no Estado do Ceará
Abrir a porta do carro, sentar no banco do motorista, colocar a chave na ignição e dar partida no motor, enquanto puxa o cinto de segurança. Com uma ou outra mudança na ordem dos atos, a sequência tornou-se comum para a maior parte dos motoristas, desde quando o uso do cinto de segurança - tanto para condutor como para passageiros - tornou-se obrigatório dentro e fora das cidades. Ou, pelo menos, deveria. O cuidado deve ser redobrado, quando se pega a estrada, o que é comum durante o mês de férias.
Dados do Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran-CE) mostram que a falta do uso do cinto de segurança ocupa a primeira posição na lista das principais infrações de trânsito ocorridas de janeiro a abril deste ano, com 4.079 autuações. O número é quase três vezes maior que a quantidade de infrações do tipo cometidas em igual período do ano passado, quando foram registradas 1.415 autuações.
A utilização do cinto de segurança é, inclusive, tema da Semana Nacional de Trânsito 2010, que ocorre de 18 a 25 de setembro próximos. Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), o uso do dispositivo pelo condutor e pelo passageiro do banco dianteiro reduz em 50% o risco de morte em uma colisão de trânsito.
Apesar disso, um estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia indica que apenas 11% dos passageiros utilizam o cinto no banco traseiro. O risco de morte de um condutor não utilizando o cinto, como resultado de um passageiro do banco traseiro sem o equipamento, é cinco vezes maior do que seria se ele estivesse preso pelo dispositivo.
Mortes
O trânsito cearense, em 2010, já registra 267 óbitos até fevereiro, de acordo com estatísticas do Detran-CE. Foram 47 na Capital e 129 no Interior, 59 em estradas estaduais e 32, em rodovias federais. O número é 41,27% maior do que em período semelhante de 2009, quando o Departamento de Trânsito contabilizou 189 mortes nos meses de janeiro e fevereiro.
A média mensal foi de 95 mortes no ano passado e de 134, em 2010. O mesmo levantamento aponta para 2.011 feridos nos dois primeiros meses de 2009 e 2.216, em janeiro e fevereiro deste ano.
A opinião do especialista
Ação que salva vidas
José Mario de Andrade
*Professor da PUC do paraná
Descuido: essa é a grande causa dos acidentes de trânsito, já que a maioria das ocorrências acontece num raio de cinco quilômetros da casa da vítima. Esse fato é decorrente da distração dos motoristas e passageiros, que acabam abrindo mão do cinto de segurança quando se aproximam do seu destino. É preciso lembrar que estamos sujeitos a colisões até mesmo dentro de ruas de condomínios.
O uso do cinto de segurança, além de ser lei, é imprescindível. Não há argumentos plausíveis para a não utilização do dispositivo. Há, ainda, muitas histórias e mitos que não podem ter mais relevância do que qualquer outra exceção.
Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 26,8% das pessoas usam raramente ou não usam o acessório nos bancos da frente. No banco de trás, o percentual chega a ser preocupante: 62,7%. Se somente 10% dessas pessoas utilizassem o cinto, aproximadamente 1.600 vidas seriam poupadas por ano.
O cinto de segurança tem a capacidade de reduzir a gravidade do acidente em 50%. Trata-se de uma simples questão de física: num quadro de colisão, caso motorista ou passageiro não estejam devidamente protegidos, seus corpos se transformam em projéteis de grande impacto, ferindo ou levando ao óbito os envolvidos no acidente.
Nesse contexto, o assunto precisa ser trabalhado em duas frentes: conscientização e fiscalização. Como é impossível a fiscalização da frota brasileira inteira, o trabalho de educação no trânsito é fundamental. Tão importante que o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) elegeu o tema como foco da Semana Nacional do Trânsito em 2010.
Não se trata de falta de fiscalização. É preciso entender que essa discussão é, na verdade, sobre uma opção simples pela sua vida e a dos seus passageiros.
FILIPE PALÁCIO
REPÓRTER

FONTE: JORNAL DIÁRIO DO NORDESTE

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